Sublime

A dona do restaurante, uma mulher corpulenta, que gosta de usar salto alto e calças de lycra, olha para ele pela janela do restaurante.

Tinha uma muriçoca voando no ouvido dele, afastando o sono, zunindo dentro da cabeça o que ele falou para alguém como ele, alguém que estava no meio do mundo, do mundo que aceitava as pontas, homem que gosta de mulher e mulher que gosta de homem, o meio era caroço infértil.

palavra é ação,

O ser humano é marcado por uma especificidade em relação aos demais animais: nasce com uma abertura a ser, é definido pela ideia do tornar-se.

E quero aceitar minha liberdade sem pensar o que muitos acham: que existir é coisa de doido, caso de loucura. Porque parece. Existir não é lógico.

O que essas pessoas estavam fazendo, Marianne pensou, escrevendo no Facebook de um morto? O que essas mensagens, esses anúncios de perda, realmente significam para alguém?

Descrever me cansa.)

a realidade não é um fenômeno puramente externo.

A morte? Sim, com certeza, a morte, nossa principal anfitriã. Mas não só ela, nesse mesmo lugar de onde nos espreita a morte, habitam também outras possibilidades: a loucura, o ódio, a vingança, o medo. E também – por que não? – a possibilidade mais profunda de amor.