Neurodiversity & DEIB Futures
Neuroqueer Heresies: Notes on the Neurodiversity Paradigm, Autistic Empowerment, and Postnormal Possibilities
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O incômodo com pessoas se reconhecendo como ansiosas, depressivas, como autistas e com TDAH é presente inclusive em profissionais da saúde.
Alguns dizem haver exageros, outros que auto diagnóstico é problemático. Não me deterei sobre pertinência disso, pois me interessa é pensar outra nuance.
Sabemos que historicamente pessoas não brancas, mulheres e pessoas LGBT+ tiveram suas narrativas silenciadas e por meio de suas lutas, buscam hoje uma maior acolhimento. Isso também impacta nos dados sobre saúde psicossocial, não porque agora existe mais, mas porque está sendo mais reconhecido.
Mas, nos casos de pessoas que, supostamente, estariam “equivocadas” em atribuir a si determinados diagnósticos: não seria nosso papel como psicólogos, ao invés de simplesmente atacarmos o aumento dos diagnósticos, compreendermos o contexto em que isso acontece?
Para além das preocupações da indústria farmacêutica, não pode haver também um certo medo de perder o poder de nomear os processos alheios?
Para muitas pessoas, o único modo de buscarem algum reconhecimento de suas especificidades, é por meio de um diagnóstico. E sabem que mesmo assim, não há garantias, mas é como se, havendo este rótulo, houvesse também uma legitimação de que aquilo que se vive é digno, real, importante.
Certamente, outros modos de acolher a diversidade de cada pessoa devem ser cultivados, sem que se precise de diagnósticos para isso.
O acesso digno à moradia, saúde e alimentação ainda é precário e está longe de atingir a todos. Esta é uma tarefa coletiva e não cabe culpabilizarmos os indivíduos.
Não raro, fazer chacota com o aumento de diagnósticos de autismo, TDAH, depressão e ansiedade é também um modo de silenciar a emergência de um adoecimento global. É ignorar a complexidade desses fenômenos.
Não estou defendendo o aumento de diagnóstico, em si, mas frisando que não é satirizando os indivíduos que caminhamos bem.
Com a descolonização, cada um terá condições de fortalecer sua autonomia para não ser reduzido a um diagnóstico, para que continue a se implicar e se responsabilizar pela parte que lhe cabe.
Enquanto outros mundos não se tornam potáveis, reconhecer as angústias não é frescura.
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