
Vidas secas (Portuguese Edition)

Desejaria imaginar o que ia fazer para o futuro. Não ia fazer nada. Matar-se-ia no serviço e moraria numa casa alheia, enquanto o deixassem ficar. Depois sairia pelo mundo, iria morrer de fome na catinga seca.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
Muito bom uma criatura ser assim, ter recurso para se defender. Ele não tinha. Se tivesse, não viveria naquele estado.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
Nem podia tomar uma pinga descansado.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
Nem lhe restava o direito de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse, desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos pequenos e os cacarecos.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
— Um dia um homem faz besteira e se desgraça. Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim.
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
Podia comer a carne? Podia ou não podia?
Graciliano Ramos • Vidas secas (Portuguese Edition)
Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza. — Ladroeira.