
Livro do Desassossego (Portuguese Edition)

Um dia talvez compreendam que cumpri, como nenhum outro, o meu dever-nato de intérprete de uma parte do nosso século; e, quando o compreendam, hão de escrever que na minha época fui incompreendido, que infelizmente vivi entre desafeições e friezas, e que é pena que tal me acontecesse. E o que escrever isto será, na época em que o escrever, incompre
... See moreBernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Como Diógenes a Alexandre, só pedi à vida que me não tirasse o sol. Tive desejos, mas foi-me negada a razão de tê-los. O que achei, mais valeria tê-lo realmente achado. O
Bernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Nada ia ainda morrer, mas tudo, como que num sorriso que ainda faltava, se virava em saudade para a vida.
Bernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Se um dia amasse, não seria amado. Basta eu querer uma coisa para ela morrer.
Bernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Fingir é amar. Nem vejo nunca um lindo sorriso ou um olhar significativo que não medite, de repente, e seja de quem for o olhar ou o sorriso, qual é, no fundo da alma em cujo rosto se sorri ou olha, o estadista que nos quer comprar ou a prostituta que quer que a compremos. Mas o estadista que nos compra amou, ao menos, o comprar-nos; e a prostituta
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Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos.
Bernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Para criar, destruí-me; tanto me exteriorizei dentro de mim, que dentro de mim não existo senão exteriormente. Sou a cena viva onde passam vários atores representando várias peças.
Bernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Há muito tempo que não sou eu.
Bernardo Soares • Livro do Desassossego (Portuguese Edition)
Querer é não poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há de poder, porque se perde em querer. Creio que estes princípios são fundamentais.