
Ética e pós-verdade (Litercultura) (Portuguese Edition)

diferentes: a ilusão, a falsidade e a mentira. A pós-verdade é algo distinto do mero relativismo, e sua dispersão de pontos de vista, todos igualmente válidos, ou do pragmatismo, com sua regra maior de que a eficácia e a eficiência impõem-se às nossas melhores representações do mundo.
Julián Fuks • Ética e pós-verdade (Litercultura) (Portuguese Edition)
Para os antigos, a verdade tinha três conotações. Ela era tanto a revelação grega (alethéia) de uma lembrança esquecida quanto a precisão latina do testemunho (veritas) e ainda a confiança judaico-cristã da promessa (emunah). Por isso a verdade tem três opostos
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Emunah é novidade.
Podemos datar aqui o nascimento da pós-verdade, ainda que seu batismo só viesse à tona em 2016. Em 2011 a verdade das armas químicas que justificaram o ataque ao Iraque mostrou-se uma ficção.
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FIGURAS DA VERDADE Não deixa de ser estranho, contudo, que a marcha de variações desse tema, seja pela teoria de Derrida sobre a desconstrução, seja pelas variações relativistas da filosofia da linguagem, seja pelo esgarçamento multiculturalista da teoria literária, tenha sido suspensa abruptamente diante do ataque às torres gêmeas de Nova Iorque
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as teorias de gêneros só podiam ser compreendidas em uma paisagem composta por outras teorias emergentes, como os estudos culturais, de Stuart Hall e Raymond Williams, que questionavam a hierarquização entre cultura erudita e popular, e a teoria pós-colonial, de Spivak, que criticava a presença de processos de racialização e subalternidade em
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Contudo, a reinvenção da verdade, como subjetivação do pensamento, teve um preço. Nominalmente a exclusão de duas figuras da subjetividade que se apresentavam como cláusulas de exclusão para o pleno exercício da razão: o sonho e a loucura.
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quando ela caracteriza nossos sonhos de maioridade, autonomia e emancipação, ela ao mesmo tempo se torna inerme e neutra. Sua potência deixa de ser produtiva e passa a ser regulativa, meramente formal ou metodológica. Schiller talvez tenha sido o primeiro a perceber isso em suas Cartas sobre a educação estética do homem; e Habermas, em O pensamento
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subjetividade. Por mais vasto e variável que seja o emprego dessa expressão, ela ainda pode ser longinquamente associada com a descoberta, ainda no século 16, com Montaigne, Maquiavel e Shakespeare, de que existe uma substância diferente de si mesma. Uma substância que pensa algo, mas não age conforme o que pensa. Uma substância capaz de sentir
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Como nos romances policiais no qual é necessário existir um suspeito que não é o verdadeiro assassino. Há um lugar necessário para o falso assassino, que torna possível toda a investigação. Podemos pensar agora em um análogo, mas como se fosse um oposto que não é o verdadeiro oposto, mas que se torna necessário para descobrirmos o que
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