De tédio, ninguém morre; pistas para entender os nossos tempos (Portuguese Edition)
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De tédio, ninguém morre; pistas para entender os nossos tempos (Portuguese Edition)
Desse modo, classificar o comportamento de alguém como ostentação é se valer da própria moralidade e das réguas de valor para aferir o que os outros podem ou não comprar com seus salários ou herança.
Não importa a classe social, a posição política, o tom do vermelho da bandeira ou os quilates do berço de ouro: nós, de alguma forma, estamos sempre preocupados em ostentar sinais de diferença.
Caso contrário, o comprador é estigmatizado, rechaçado e malvisto e vê sua reputação jogada à sarjeta. Comprar é só o resultado da equação entre desejo e dinheiro. É, sobretudo, uma forma de conversar com outros na qual emitimos sinais sobre o que somos.
Toda e qualquer atividade de consumo precisa de uma chancela moral, uma espécie de permissão do grupo ou da sociedade para acontecer.
Tolos são aqueles que acreditam que só basta ter dinheiro para comprar o que se quer. Consumir é um ato social e, assim como uma fala fora de lugar ou um comportamento indesejado, quando compramos, estamos abertos à avaliação.
Em tempos digitais, as notícias viram banheiro de cachorro ou embrulho de peixe antes ainda de serem publicadas.
Desde que nós, negros, por causa das políticas de inclusão, das batalhas cotidianas e da invenção de outras arenas de exposição (como as redes sociais) deixamos os bastidores para assumir espaços de protagonismo, comentários como os de Tiago Leifert são rotina. É como se, diante da impossibilidade de nos excluírem, de nos invisibilizarem e nos cala
... See moreSeja no it ou no bit, as coisas de rico nos catapultam para universos sociais exclusivos, permitidos a poucos, ajudam seus usuários a inventar quem são. Pelo visto, no futuro, o dinheiro sozinho não conseguirá definir quem é quem no Brasil.
“sociabyte” — termo que uso para classificar as madames dos tempos digitais.