Há muitas maneiras de emitir um sinal e há três semanas uma descarga elétrica provocada por raios dizimou dezenas de ovelhas de um rebanho e seu pastor.

Edgar Wilson não come porcos. De todos os animais com os quais lidou e matou, é com os porcos que mais se afeiçoou. Diante do impasse na hora de servi-lo, irmã Bernadete oferece a ele um pouco da carne assada que sobrou da janta da noite anterior.

— É o livro de Jeremias. Está no capítulo seis.

A dona do restaurante, uma mulher corpulenta, que gosta de usar salto alto e calças de lycra, olha para ele pela janela do restaurante.

— Talvez eu morra, talvez eu sobreviva — Edgar Wilson respira com força o ar frio e solta-o juntamente com a fumaça do cigarro. — Alguém precisa fazer o trabalho sujo dos outros.

— Desde que matou aquele homem e fugiu, mesmo que tenha sido para se defender, você carrega a culpa. Você sempre quis se livrar dela, não é mesmo? Tomás segura o choro em forma de um nó na garganta que faz seus olhos arderem. — Eu estava lá. Depois que você fugiu, antes de tomar o ônibus para o seminário. Era eu aquele homem com quem conversou no b

Eu cuidava de içar a rede, mas, tirando o capitão e o cozinheiro, todo mundo fazia um pouco de tudo. Foi antes de eu ser preso e mandado pra Colônia Penal.

— Por que este garoto? Você vai matá-lo. — Este corpo já está morto, Tomás. O garoto morreu há meses e eu estou aqui, cuidando para que não apodreça. Estava esperando por você.

“‘Quem é você?’ “‘Eu sou o que sou’, ele respondeu, e continuou: ‘O tempo é chegado. O tempo de todas as coisas’. “‘O fim?’, perguntei. “‘O fim e o começo. As portas do inferno estão se abrindo. E as do céu, também. Tudo o que está no meio…’” — Será destruído — interrompe Tomás.