Caderno proibido (Portuguese Edition)

Diante destas páginas, sinto medo: todos os meus sentimentos, assim desentranhados, apodrecem, fazem-se veneno, e tenho a consciência de me tornar ré quanto mais tento ser juíza.

Eu pretendia educar minha filha de maneira muito diferente, ser sua amiga, sua confidente mais íntima. Não consegui. E me pergunto se é possível ter êxito em semelhante empreitada.

como alguém pode se regular segundo certas normas, se nunca pensa nelas?

Sinto que, em seu silêncio, há uma crítica, quase uma acusação contra mim e as crianças, por ele ter renunciado a tudo aquilo de que gostaria.

Temo que, admitindo haver desfrutado nem que seja de um curto repouso, de uma distração, eu perca a fama de me dedicar à família cada instante do meu tempo.

Às vezes já não consigo vê-la: você se escondeu entre os filhos”.

Diante dos próprios filhos, uma mãe deve sempre mostrar não haver jamais conhecido essas coisas, jamais ter desfrutado delas. É essa falsidade que nos faz murchar. São eles os culpados, eles.

“Uma mulher que trabalha”, continuava Clara, “sobretudo uma mulher da nossa idade, sempre carrega a luta entre a mulher tradicional que foi ensinada a ser e aquela independente que ela escolheu se tornar.

desse contínuo fingir dormir e permanecer acordado na própria angústia, sem que o companheiro se dê conta, é feita a história de um casamento exemplar.