Caderno proibido (Portuguese Edition)

Irmanam o diário e o adultério a necessidade de sigilo, o sentimento de culpa, o tempo subtraído às obrigações familiares, o temor dos espaços abertos

seu casamento se transformou ao longo do tempo, com a cumplicidade do silêncio, em amarga solidão.

as páginas do diário se adensam, construindo a retícula sobre a qual se desenha uma nova imagem do feminino que é também um modo novo de repensar a maternidade,

se obstina em depreciar o processo de constituição identitária da filha, dando voz às normas patriarcais sobre as quais ela se formou

o “ninho” é para ela um espaço aprisionador e, ao mesmo tempo, protetor:

o caderno assinala um divisor de águas entre o antes e o depois, entre uma identidade confiada à máscara social e uma subjetividade gradualmente reconstruída sobre os escombros do existente.

os eventos cotidianos são submetidos a uma leitura vertical que escava nas profundezas das palavras e dos gestos,

“se na loja propriamente dita estamos de algum modo a serviço dos outros, no fundo da loja recuperamos nossa autonomia, aquela interioridade na qual não apreciamos nenhuma interferência”:

é um romance no qual “não acontece nada”, no qual “a história está na narrativa […] está toda na análise da personagem”.