Búfalos selvagens (Portuguese Edition)

Quando o atinge mais uma vez, Bronco Gil puxa o ar e abre o outro olho, seu único olho bom. Edgar Wilson puxa um enfermeiro pelo corredor, que entuba Bronco Gil, e assim ele vive, ele viveu.

Edgar Wilson estaciona na entrada do pronto-socorro e carrega a imensidão que é Bronco Gil nos próprios ombros. Uma maca é trazida às pressas e Bronco Gil já está sem vida quando é socorrido pelos médicos de plantão.

— Foi a menina. Onde ela está? — insiste Bronco Gil. Tiquinho se aproxima e faz sinal, indicando onde está Azalea. Mendonça quer impedir que eles cheguem até ela.

Bronco Gil e Edgar Wilson suspiram juntos. Bronco solta um muxoxo ao perceber que Espartacus infartou em vão.

Espartacus sente falta de ar. Levanta-se e caminha até a janela. Respira fundo, mas uma pressão no peito seguida de uma dor aguda que corre até o braço o faz paralisar. Vira-se sobre os calcanhares e cai duro no chão, de olhos arregalados. Morto e quente. Seus olhos abertos sem expressão.

O fardo que carrega de zelar pelos rejeitados, ladrões e vagabundos. Sente-se como um cristo. Um cristo pequeno, que arrasta suas botas contra a poeira do solo, que come com os inimigos e que enterra homens e animais.

— Ele dizia que a Azalea já está morta e o que a mantém viva não é deste mundo. Edgar Wilson se lembra do que Tomás presenciou anos atrás. De quando esteve frente a frente com um garoto que estava morto havia vários meses e seu corpo era preservado por um demônio que falava através dele.

Edgar Wilson reconhece um deles. É o policial Américo O+.

— Bronco Gil disse que você poderia me ajudar… Que conhece bem essa região. Que consegue tocaiar qualquer um.