
A Metamorfose (Portuguese Edition)

Sufocamos quando tudo o que parece nos incluir, nos ‘globalizar’, nos unir acaba por nos apartar, separar, expulsar, impedir. Sufocamos quando não cantamos mais juntos. Quando não dançamos mais juntos. Quando não falamos mais juntos. Quando odiamos uns aos outros e não odiamos juntos o que nos aflige. Quando continuamos sem poder dizer
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Passados cem anos continuamos sem saber como suportar tanto as nossas vulnerabilidades (condição intrínseca aos fenômenos de metamorfose dos corpos), quanto suportar o que difere em nós e no outro. Frutos hoje já decaídos de uma Gestalt definidora e falsamente englobante.
Franz Kafka • A Metamorfose (Portuguese Edition)
O que se interrompe de fato é a comunicação da espécie humana com a sua espécie—metamórfica, que a partir de uma manhã passa a abrigar Gregor e o inseto desconhecido no qual ele subitamente se transformou num mesmo e diferente corpo.
Franz Kafka • A Metamorfose (Portuguese Edition)
E, no caso, essa fábula, a do animal humano, ou do que no humano nada mais é senão que a sua força de abater os corpos ‘frágeis’, não queira dizer nada além de tudo o que de fato somos: animais que um dia se acreditaram superiores, fixados em suas formas, cristalizados num corpo capaz de dominar como se cuidar fosse.
Franz Kafka • A Metamorfose (Portuguese Edition)
É como se, em Kafka, as personagens sempre buscassem alguém diante de quem se ajoelhar; é como se, ao lado das leituras políticas e surreais, Kafka nos sussurrasse que o medo da liberdade é parte fundamental do que somos. Eis, talvez, o mote de um dos mais contraditórios aforismos de Franz Kafka: “Há esperança, mas não para nó
Franz Kafka • A Metamorfose (Portuguese Edition)
Tal aspecto fatalista, pode nos revelar outra dimensão da angústia kafkiana: o medo daqueles que, diante da complexidade e da miríade de (des)caminhos e escolhas, tendem a buscar, contra os próprios interesses e contra a própria liberdade, a guarida da ratoeira, da carapaça do inseto e do processo.
Franz Kafka • A Metamorfose (Portuguese Edition)
Ademais, o beco que encurrala o rato entre a ratoeira e a goela do gato irrompe como a tensão kafkiana por excelência: a impotência do sujeito em resistir e, no limite, em sobreviver às investidas externas, que muito superam o poder de uma possível vontade.
Franz Kafka • A Metamorfose (Portuguese Edition)
“Quando Gregor Samsa, certa manhã, acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um inseto monstruoso”
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Kafka era, antes de tudo, um rebelde contido.