Vou celebrar a música que me emociona, não porque seja aclamada pela crítica ou culturalmente subversiva, mas porque faz meu coração bater mais forte. Vou ler os livros que me marcam — não para montar uma estante que demonstre inteligência, mas porque suas palavras me fizeram sentir algo. Vou usar as roupas que me trazem conforto ou alegria, mesmo... See more
Um mundo onde todos se esforçam tanto para transmitir a impressão de que não se importam, que acabam esquecendo como se importar de verdade. Vagamos pela vida, avatares de nossas versões idealizadas. E nos perguntamos por que nada parece realmente real.
Nem mesmo os hobbies estão a salvo. Selecionamos nossos gostos com base no que sinaliza o tipo certo de "cool". A própria palavra "selecionar" (tão usada hoje em dia) revela a expectativa subjacente: a de que todo interesse deva formar uma narrativa coesa, uma marca, uma identidade que "faça sentido". Apreciar algo genuinamente é suspeito; tudo... See more
E para que serve todo esse esforço? Para uma vaga sensação de normalidade? Para ser aceito (não amado)? Essa é a verdadeira tragédia desta epidemia: ela impede a conexão humana genuína. Relacionamentos construídos sobre o cinismo compartilhado são, na melhor das hipóteses, voláteis; nada (e ninguém) está acima de ser alvo de risos e rejeição, se... See more
Cada interação é um cálculo, um delicado equilíbrio entre parecer interessado e descontraído. Ironicamente, ser assim exige muito mais esforço consciente do que a autenticidade — uma constante performance de se esforçar demais.
Então, por que fazemos isso conosco? Parte disso é cultural. Nesta geração, as redes sociais se tornaram um lugar onde as pessoas destacam suas melhores qualidades e omitem os detalhes emocionais e complexos que fazem com que a vulnerabilidade pareça algo a ser evitado. A versão "despreocupada" e "distante" de nós mesmos, cuidadosamente... See more
A palavra “nonchalance” vem do francês (nonchalant), que significa descuido ou indiferença. Ela remonta à raiz latina “calēre”, que significa “estar quente”, o que demonstra como a palavra evoluiu para significar distanciamento emocional — ou falta de afeto. E no mundo atual, a nonchalance foi romantizada nas redes sociais por pessoas que... See more
Mas talvez a vergonha alheia seja sagrada. Talvez ser a primeira pessoa a expressar seus sentimentos, a responder às mensagens rapidamente, a se esforçar ao máximo, seja a única maneira de quebrar o ciclo. Talvez a única saída para a epidemia da indiferença seja justamente através da vulnerabilidade que nos ensinaram a temer.