Eu era dessas crianças que nunca se contentam com respostas simples para as suas perguntas,

Espiono o tempo todo, às vezes de leve, às vezes com mais insistência.

Mas ele conta para ela das trilhas com os amigos, da camaradagem durante as adversidades, das lições que se aprendem na marra ao se deparar com os elementos da natureza.

ter sido obrigada a passar para o lado obscuro me impede para sempre de conseguir voltar à inocência.

Ao longo dessa bela caminhada, ele conhece uma moça vinte anos mais nova, ou seja, com a idade aproximada de sua antiga vítima, mas dessa vez ela é uma mulher adulta,

Tenho a impressão de que existe um perigo de me perder nessa busca por uma verdade que já procurei tanto, e cujo caráter fugidio eu conheço. A gente nunca se aproxima dela de verdade. Pergunto se ela aceita fazer uma conversa por telefone e ela aceita

Falar pode ser uma das estratégias de prevenção, desde que se vá fundo no que se diz, e é preciso que as palavras possibilitem um diálogo com a criança. Não se pode simplesmente ensinar a uma criança como dizer não a um agressor, ensinar que seu corpo pertence a ela e que ninguém tem o direito de tocá-lo.

O pensamento se vale de tudo o que tem à mão. Como diria Deleuze, o pensamento delira o mundo.

Para poder continuar vivendo ela age como ele, como tantas outras pessoas, ela nega o que aconteceu comigo, não os fatos em si, que são inegáveis, mas a gravidade deles. E eu, para poder continuar amando minha irmã, preciso aceitar que ela o tenha perdoado, que ela considere perdoável o que ele fez, preciso esquecer um pouco, ou pelo menos fazer de