Trilogia de Copenhagen: Infância, Juventude e Dependência (Portuguese Edition)
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Trilogia de Copenhagen: Infância, Juventude e Dependência (Portuguese Edition)
insuportável. Constato que ainda não estive apaixonada, com a exceção de um breve momento há dois anos, quando voltava para casa do Olympia com Kurt, que, no dia seguinte, partiria para a Espanha a fim de lutar na guerra civil.
A porta ao lado da de Gerda se abre devagar quando eu passo, e a sra. Poulsen me faz sinal para entrar. Segundo minha mãe, ela é “pobre-fina”, mas eu sei que é impossível ser ao mesmo tempo pobre e fina.
Acho que meu irmão se casou com ela para não ter que ficar no quarto alugado da proprietária exigente, afinal que outra saída tinha ele? Eu também não pretendo morar na casa da sra. Suhr pelo resto da vida. Ser jovem é, em si, algo temporário, frágil e inconstante. Precisa ser superado, outro sentido não tem.
Há um grande retrato de Hitler pendurado na sala. Olhe, disse ela quando aluguei o quarto, ele não é bonito? Um dia ele governará o mundo. Ela é filiada ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Dinamarqueses e perguntou se eu também não gostaria de me filiar, pois querem que a juventude dinamarquesa adira ao movimento.
“Vou fazer ovo mexido para nós”, grito na direção do quarto e me dedico a essa tarefa. Nesse momento gosto mais de Edvin do que em todos os anos em que ele foi distante e incrível, bonito e animado. Não era uma coisa muito humana, ele nunca ficar chateado com nada.
Ter uma amiga seria mais fácil e divertido para mim, mas não tenho mais, então Erling é melhor do que nada. Gosto muito dele, porque ele também é um pouco esquisito e se parece comigo em muitos aspectos.
Como ele adora tudo o que é gordura, capricho na manteiga em duas delas. Esforço-me ao máximo para agradá-lo, afinal continuo grata por ele ter se casado comigo.
Fui fotografada com ele e alguns famosos, e a foto saiu no Aftenbladet do dia seguinte. Não ficara muito boa, mas Viggo F. disse que era importante ter uma relação amigável com a imprensa.
Esse jornal é antigaço
Um dia minha infância tem cheiro de sangue, coisa que não posso deixar de perceber e saber. “Agora você pode ter filhos”, diz minha mãe. “Muito cedo, você ainda nem completou treze anos.” Sei muito bem como se faz para ter filhos, porque durmo junto com meus pais e, seja como for, não tem como não saber isso. Mas ao mesmo tempo não sei, e imagino q
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