
O inconsciente corporativo e outros contos (Portuguese Edition)

— Acho que isso é besteira, uma rua sem saída, parte dessa vontade teimosa de sempre projetar nós mesmos nelas. Máquinas nunca se tornarão humanas; mesmo que ganhassem algo como consciência, seria um outro tipo de coisa inteiramente ali, como Wittgenstein diz do leão falando.
Vinícius Portella • O inconsciente corporativo e outros contos (Portuguese Edition)
Como quase sempre, os responsáveis pelos atentados eram homens brancos de classe média, apaixonados por videogame, enraivecidos com minorias e revoltados com feministas. Mas, dessa vez, todos haviam postado as mesmas hashtags antes de realizarem os ataques: #INCELRISING, #17CHANFTW
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As fronteiras antigas acabaram, sr. Góngora. Ou melhor, estão aí, mas não contam a história inteira. Soberania agora não é só questão de tanque de guerra e bota no chão. É também questão de servidores e cabos submarinos de fibra óptica. De memes e dos seus rebanhos. E eu tenho um pequeno país.
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O que havia sido inventivo no gesto de Borges, afinal, o novo e revolucionário, fora sua disposição conceitual recursiva, a sacada genial de escrever sobre livros e autores fictícios que ele usou de andaime pra construir tantas outras sacadas. Agir como se esses livros já existissem e partir daí. Em quase todos os seus grandes contos, há uma mistur
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Homem é de fato um bicho muito imbecil.
Vinícius Portella • O inconsciente corporativo e outros contos (Portuguese Edition)
no fundo da sua medula, desde a adolescência, que não vai comer essas mulheres, que essas mulheres não são pro teu bico, que essas mulheres são como uma espécie de essência distante da perfeição tesuda que a maioria das pessoas só vai conhecer por meio de comercial de perfume, pornografia e sonho molhado. De um jeito ou de outro, o mundo inteiro, o
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Eu me apaixonei rapidinho. Ela jamais demonstrava afeição, o que pra alguém que se odeia como eu está ótimo.
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Não entendia qual era a graça perversa que me dava. Não entendo até hoje.
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Mas vocês já sacaram que não é isso que eu fiz. O que eu fiz diante da hesitação sensata do Plínio foi fechar a cara numa carranca azeda e dizer: — Cara, se tem algo que eu aprendi com o Tinder é que quase toda mulher gostosa é assim. Totalmente sem noção, totalmente irresponsável com o que elas provocam nos outros.