Não sentia que seria legal comemorar. Não tem problema ser competitiva quando todos estão no mesmo campo de treinamento. Mas quando você é a única que participa do jogo...

eu teria sido capaz de pedir desculpas e teria dado o dinheiro para evitar todo e qualquer drama, dor e conflito.

“Faça a pose do poder, como a Mulher-Maravilha!”

O que tenho medo que vejam se eu for eu mesma? Sei que o problema não são os formandos. É o resto do mundo. São todas as outras pessoas, lá fora, que ouvirão o discurso julgando e criticando. E saberão coisas a meu respeito. Não sei se quero que me conheçam. Porque... porque... nem eu me conheço de verdade ainda.

Meu corpo é apenas o recipiente no qual carrego meu cérebro por aí. Eu dizia enquanto comia potes de sorvete. Eu dizia enquanto comia pizzas inteiras.

“Sou diferente. Sou original. E, como todo mundo, estou aqui para ocupar espaço no universo. Faço isso com orgulho.”

Silêncio. Quietude. Interiorização. Mais à vontade com livros do que com novas situações. Feliz por morar dentro de minha imaginação.

Eu era saudável. Estava malhando. Não pensava muito no corpo mesmo. Então... perdi o controle. Não me pergunte exatamente quando. Não tenho certeza. Mas sei que coincidiu com fechar lentamente todas as portas da vida. Com dizer “não” às coisas. Com me isolar.

Comida parece tão boa quando se coloca por cima de todas as coisas com as quais não se quer lidar ou não se sabe como lidar.