Histórias íntimas - 3 ª edição: Sexualidade e erotismo na história do Brasil (Portuguese Edition)
Mary Del Prioreamazon.com
Histórias íntimas - 3 ª edição: Sexualidade e erotismo na história do Brasil (Portuguese Edition)
O transexualismo é um fenômeno próprio de nossa cultura.
Nossas crianças vivem cercadas de objetos e mensagens publicitárias que as incitam a viver num mundo onde toda forma de querer é voltada à satisfação imediata. Por que não a sexual?
As pesadas matronas de Renoir eram substituídas pelas mulheres esbeltas de Degas. Insidiosamente, a norma estética emagrecia, endurecia, masculinizava o corpo feminino, deixando a “ampulheta” para trás.
Eles deviam demonstrar atitude, atividade, postura propositiva; elas, ao contrário, apenas leveza e suavidade. Elaborava-se a masculinidade contrastando-a com a feminilidade.
Os mistérios da fisiologia feminina, ligados aos ciclos da Lua, ao mesmo tempo em que seduziam os homens, os repugnavam. O fluxo menstrual, os odores, o líquido amniótico, as expulsões do parto e as secreções de sua parceira os repeliam. O corpo feminino era considerado impuro.
Muitas crianças brasileiras, por ignorância ou negligência parental, são precocemente sexualizadas: meninas exibem unhas pintadas, saltos altos, roupa justa inspirada naquela das animadoras de programas infantis, maquilagem de brinquedo.
Fumar, usar biquíni e ver Malu Mulher nesses tempos podia acabar em morte.
Era a emergência da lipofobia. Não se associava mais o redondo das formas – as “cheinhas” – à saúde, ao prazer, à pacífica prosperidade burguesa que lhes permitia comer muito, do bom e do melhor. A obesidade começa a tornar-se um critério determinante de feiura, representando o universo do vulgar, em oposição ao elegante, fino e raro.
forjava-se a intolerância à doença, à fragilização dos corpos e ao envelhecimento.