
Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)

Fui atrás das críticas nos jornais. Pareciam se dividir em dois tipos: as que diziam muito pouco e as que não diziam nada.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
Tiritando com o frio da alvorada, embora fosse verão, levantei-me e acendi a vela. Aproximei-a do espelho: vi o rosto de Elvesham.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
— Ah, sei… mas o prefácio de Negações me levou a pensar que você fosse católico. — Je l’étais à cette époque. Talvez ainda seja. Sim, sou um satanista católico.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
Naquele tempo, não comprar um livro de um autor que eu conhecia pessoalmente seria um sacrifício impossível.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
Certa tarde, resolvi levar umas botinas para o sapateiro de Tottenham Court Road consertar. Foi a primeira vez que encontrei o velhinho de cara amarela; o homem com o qual minha vida está insoluvelmente emaranhada.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
admirar. Nem ele nem sua obra receberam o menor estímulo; mas ele insistiu em comportar-se como um personagem. Onde quer que os jeunes féroces das artes se reunissem — em qualquer restaurante descoberto no Soho —, lá estava Soames, no meio deles, ou melhor, à margem, uma figura vaga, mas inevitável.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
Circunscrevendo-nos à Europa e à América, podemos dizer: como gênero mais ou menos definido, a literatura fantástica surge no século XIX e na língua inglesa. Há precursores, decerto; citaremos: no século XIV, o infante d. Juan Manuel; no século XVI, Rabelais; no XVII, Quevedo; no XVIII, Defoe1 e Horace Walpole;2 já no século XIX, Hoffmann.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
Jamais tentou se enturmar com seus colegas, jamais renunciou a sua atitude arrogante quando se tratava de sua própria obra, nem a seu desprezo pela alheia. Era humildemente respeitoso com os artistas; mas sempre falou com desprezo dos poetas e prosadores do Yellow Book e depois do Savoy.
Adolfo Bioy Casares • Antologia da literatura fantástica (Portuguese Edition)
Arrog
Quase sempre Milton — olhou-me. — Foi Milton quem me converteu ao satanismo. — Satanismo? É mesmo? — disse eu, com o vago desconforto e o desejo intenso de ser cortês que sentimos quando um homem fala de sua religião. — Você… adora o Diabo?