tudo nessa cidade parece ser puro desdobramento do pensamento humano. A vegetação não é contemplada dentro da cidade ideal, aquela que celebra a arquitetura e o pensamento filosófico que a sustenta. Claro, pode-se argumentar que não se trata de uma ausência significativa porque são apenas representações de cidades, e não cidades reais. É verdade.

Mas será que a forma da cidade como a conhecemos é a única plausível? Não seria possível imaginar de modo diferente o que hoje é considerado o lar de nossa espécie?

A natureza intangível dos relatórios sobre o aquecimento global não transmite de modo efetivo a importância do problema. A maioria de nós não consegue imaginar como apenas dois graus de aumento de temperatura podem afetar com tanta força nossa vida diária. Dados e fatos por si só não levam as pessoas a mudar de ideia ou de comportamento. E não

Afinal: que aspecto mais influencia na construção de nossas cidades? O que acreditamos que uma cidade deve ser ou para que deve servir? Embora a resposta inevitável seja que ambos os aspectos são relevantes, acredito que a herança cultural desempenha papel preponderante. E, em certo sentido, corrobora também a memória evolutiva que influencia a

O ser humano é cada vez menos um habitante global deste planeta. Ele foi durante sua história recente, quando podiam ser encontradas populações humanas em todos os cantos remotos da Terra. Mas não mais. Hoje, o ser humano se concentra em uma pequena parte da superfície do planeta, onde estão as cidades.

E se fosse possível plantar boa parte dessas árvores dentro de nossas cidades, os resultados, tenho certeza, seriam muito maiores. Na verdade, a eficiência das plantas na absorção de CO2 é tanto maior quanto maior for sua proximidade da fonte de produção. Na cidade, todas as superfícies deveriam ser cobertas de plantas. Não só os (poucos) parques,

as cidades, independentemente do tamanho, só podem se desenvolver porque, em algum outro lugar do planeta, existem recursos naturais que são explorados para alimentar o seu desenvolvimento. Portanto, é óbvio que deve haver um limite para o tamanho das cidades. A expansão delas vai parar, mais cedo ou mais tarde. E a razão disso é a mesma pela qual

As cidades são, de fato, os principais motores de nossa agressão ao meio ambiente. Atualmente, elas produzem 75% das emissões de carbono e 70% dos resíduos, além de serem responsáveis por cerca de 70% do consumo global de energia e por mais de 75% do consumo mundial de recursos naturais. Até 2050, as cidades deverão ter capacidade para abrigar mais

Repensar profundamente nossa concepção de cidade: eis algo que não podemos mais adiar. Se elas se tornaram o único lar da humanidade, não podemos continuar a imaginá-las como algo separado da natureza ao seu redor.